Comércio de Cules
A palavra “cule” tem as suas raízes na língua Tamil da família das línguas indianas, referindo-se aos trabalhadores de trabalho braçal pesado. O comércio de cules era a venda ilegal de trabalhadores chineses para a Europa ocidental e para a América como escravos. Como é mencionado em “Uma breve história de Macau”, os colonos portugueses começaram o comércio de escravos em meados do século XV, e o transporte ilegal de humanos continuou até depois da ocupação de Macau. Apesar dos governos Qing e Ming terem imposto múltiplas proibições no tráfico humano, os colonos portugueses e ingleses não respeitavam estas proibições. Depois da guerra do ópio, dado a nação chinesa estar fragilizada e vulnerável, Macau foi ocupada por uma mistura de forças estrangeiras, onde a prática de tráfico humano era cada vez maior. Após a resistência do povo de Xiamen contra o tráfico humano em 1852, Macau tornou-se num dos maiores portos de saída de cules. Nessa altura, os colonos portugueses e ingleses estabeleceram agências de recrutamento para tratar do negócio dos cules.Em português, estas “agências” eram conhecidas como barracões, com muros altos, cercas de ferro e segurança muito rigorosa, tendo a maioria sido aberta na Rua de S. Paulo, na Rua de Pedro Nolasco da Silva, na Rua do Tarrafeiro, na Rua do Padre António e na Rua dos Cules. Um conjunto de criminosos recrutados por essas agências eram distribuídos pelo delta do Rio das Pérolas e por zonas costeiras como Jiangsu, Zhejiang, Fujian e Guangdong. Alguns deles chegaram a ir tão longe como Hunan, Hubei e outras províncias do interior para enganar e raptar pessoas. Outros lubridiavam pessoas das aldeias, fazendo-os acreditar que iriam conseguir emprego em Macau, mas acabariam vendidos para Cuba e para o Peru, depois de ser trazidos para as agências de recrutamento, o que garantia grandes lucros para os criminosos. Dado o considerável interesse no comércio de cules, o número de barracões em Macau aumentou. Até o comércio de cules ser banido em 1873, mais de 300 barracões encontravam-se em funcionamento por Macau e os lucros anuais obtidos pelo governo português em Macau deste negócio foi cerca de cinco vezes o lucro alfandegário.