A Colina de D. Maria Era o Local Preferido para os Exilados das Dinastias Ming e Qing Admirarem a China Distante com Nostalgia
A Colina de D. Maria foi sempre o local preferido dos poetas e defensores de dinastias caídas para admirarem a paisagem ribeirinha da cidade e olharem também com nostalgia para a China que tinham sido forçados a abandonar.Em 1907, durante o 33º ano do reinado do imperador Guangxu da dinastia Qing, Zhang Yi (1871–1942), um pintor e poeta natural do distrito de Panyu em Guangdong, que se encontrava a residir permanentemente em Macau, compôs um poema lírico intitulado “Lamento na Colina de D. Maria”, no qual os versos “quando o casal se vê numa vida errante sem abrigo / tudo à sua volta muda tão rápido / que nem ousam olhar para o passado” são uma descrição sentida da sua própria vida.
Há um poema de Qiu Fengjia (1864–1912), um dos três poetas mestres da rica região cultural de Lingnan, na China moderna, em que este descreve as fragorosas ondas no sopé da Colina de D. Maria como “hordas de guerreiros vociferantes / cobertos de armaduras de pele de rinoceronte”. Qiu era natural do distrito de Zhengping (hoje Jiaoling) em Guangdong, e foi aprovado no nível jinshi (letrado avançado) de um tipo de exame imperial.
Mas há muitos outros poetas com trabalhos sobre a Colina de D. Maria, nomeadamente Yang Zenghui, do distrito de Shunde, que estadiou em Macau em finais da era Qing; Zheng Zheyuan, do distrito de Xiangshan, que se refugiou em Macau durante a 2ª Guerra Sino-japonesa e Wu Daorong, do distrito de Panyu. Também Xian Yuqing, uma intelectual e poetisa excepcional da Lingnan contemporânea se instalou em Macau e escreveu poemas sobre as suas meditações na Colina de D. Maria.